25.11.05

Reality-show

"Cantarolou, disse piadas e adormeceu na banheira."

Cantarolar, ainda vá lá... Mas dizer piadas? Que mal fizémos nós para merecer isto? Resta uma esperança: ele adormeceu na banheira. Às vezes é fatal.

13.11.05

A capital

Ontem, entre as 15.45 h e as 20 h, o principal canal da televisão do Estado transmitiu em directo a Procissão da Luz, que movimentou, ao que se diz, cerca de 300 mil pessoas.

Uma força de 350 polícias fechou ao trânsito durante toda a tarde o principal eixo viário da cidade, do Campo Pequeno aos Restauradores, e assegurou a ordem, detendo e revistando pessoas que transportavam volumes considerados suspeitos.

A procissão, uma iniciativa do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, era aberta, numa impressionante manifestação de laicidade, por um destacamento da Guarda Nacional Republicana montada a cavalo. Seguiam-se os bombeiros, os bispos e uma luzida representação das forças vivas da cidade, encabeçada pelo sorridente Presidente da Câmara, Carmona Rodrigues.

A fechar, essa infindável multidão de gente que, embora não tenha fé bastante para ir à missa, alinha de bom-grado numa manifestação de rua a favor não se sabe bem de quê.

A hierarquia da Igreja Católica, hoje maioritariamente composta por gente que se declara dialogante e aberta ao mundo moderno, não parece consciente dos perigos que imponentes mobilizações como esta encerram. Cega pelo orgulho decorrente do êxito mediático da procissão, recusa-se a entender que a perversa associação entre os poderes religiosos e temporais ontem exibida forçosamente desencadeará reacções defensivas por parte dos defensores do Estado laico.

Nós sabemos que estas coisas se passam todos os dias no Portugal profundo, onde a separação das diversas ordens do poder sempre permaneceu letra morta. Mas alardear publicamente na capital esta doentia promiscuidade de que há séculos o nosso país padece nem honra a Igreja nem nos deixa tranquilos.

Depois, não se queixem de anti-clericalismo.

8.11.05

Eles não sabem o que dizem

Queixam-se os jovens hooligans que por estes dias vêm pondo a ferro e fogo as cidades francesas de que nos subúrbios que habitam a vida é muito aborrecida.

Vê-se logo que não conhecem Lisboa.

3.11.05

Eu explico, senhor professor



Perguntou hoje o Professor Cavaco Silva:

"Se não forem as eleições presidenciais a injectarem na sociedade portuguesa uma dose de confiança, então qual é o evento que o fará?"

Eu explico-lhe, caro Professor.

Já ouviu falar daquela coisa chamada futebol, que se joga com uma bola, duas balizas e onze homens de cada lado? Pois é, cá em Portugal temos uma equipa que costuma representar a pátria (chama-se selecção nacional, o senhor professor já deve ter ouvido falar) e acontece que as pessoas cá da terra passam-se completamente quando ela ganha qualquer coisa a uma equipa estrangeira, especialmente se for espanhola, ou assim, sem sequer quererem saber do dinheirão que se gastou naqueles estádios que o senhor professor tanto detesta e que, precisamente, servem para se jogar esse jogo.

Ora, para o ano que vem, vai haver um campeonato do mundo desse jogo na Alemanha e, se se der o caso de a nossa equipa ficar bem classificada - aí terá o seu ambicionado evento, senhor professor!

"Não sou profissional, só ando nisto há dez anos."

1.11.05

"Não somos profissionais, só andamos nisto há 10 anos"